quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Jardineiros fiéis!



Tenho passeado por jardins de formosuras de muitas mulheres grávidas ou que acabaram de parir seus filhotes. Encontro tanta beleza, exuberância, amor, perfumes dos mais preciosos, flores com as mais belas cores, preciosidades que talvez só a maternidade faça desabrochar em um Ser. Paciência nunca manifestada antes, cabelos vicejantes, peles brilhante, corpos esguios, sorrisos radiantes, criatividade saltitante, doação e carinho transbordantes e amor incondicional totalmente espontâneo, isso mesmo passando por noites sem fim acordadas. Mas também encontro folhas secas de fragilidade, dor, insegurança, saudades de si mesma, vontade de liberdade, medos, até pontinhas espinhosas de desesperos. E penso ... quanta dualidade!

O parto de um filho pode ser demorado. Para mim iniciou-se quando descobri que estava grávida, até o ritual das treze horas dando a luz a Rayom. Mas parir uma mãe tem sido, para mim, e para muitas destas mulheres que encontro, muito mais longo, mais doloroso, prazeroso também, sim, mas um processo muito mais frágil do que o selvagem momento do parto de um filho. Como pode o jardim de uma mulher loba, selvagem, forte e sensível ter tanta beleza e ao mesmo tempo ficar tão carente assim?

Observo que a força que aduba as terras destes jardins vêm do ventre, da alma, do coração e da mente, vem de um Ser Inteiro que está com todo o seu potencial direcionado para dar conta do seu mais belo e precioso fruto, o filhote! Toda energia física, mental e espiritual é dedicada à cria. Noites sem dormir, dias inteiros dedicando-se a cuidar, acolher, nutrir, carinhar, proteger, perceber, compreender e receber este novo ser da melhor maneira possível para que ele possa desabrochar-se em seu melhor néctar. E ainda pensar, estudar e sentir quais são as melhores possibilidades para facilitar a educação de um filho indo na contra-mão de grande parte da sociedade, além de muitas vezes ter que lutar pelo direito de seguir a voz do coração e não as convenções sociais. Nada ser além de servir, servir e servir. E sinto que é por esta tão honrosa missão ser tão intensa que em meio a tanta beleza encontra-se tanta fragilidade. Como uma rosa ao desabrochar.

Uma mulher-mãe, principalmente com um bebê recém nascido, em fase ativa de trabalho de parto de uma nova face de si mesma, merece os jardineiros mais fiéis em seu jardim! Fiéis às suas mais profundas necessidades, que neste momento estão à flor da pele, brotam lá de dentro, de lugares difíceis de serem alcançados, tornando-se viscerais, como um vulcão de luzes, hormônios e sombras. Quanta sensibilidade em uma mulher que está se parindo como mãe. E quanta beleza também! Uma mãe, que acaba de dar a luz ao seu filhote e está descobrindo este novo universo que tem como sua inteira responsabilidade, seu maior desafio, merece (principalmente porque carece) de cuidados de todos ao seu redor. Para que possa seguir nutrindo intensamente seu mais belo fruto, o jardim de uma recém-mãe precisa receber amor, carinho, banhos de flores e folhas, compreensão, acolhimento, canções, alimentos saudáveis, apoio, atenção, equilíbrio, segurança, alegria, silêncio, amor, massagem com essências, fé, prazer, mimos e afagos. Um jardineiro fiel às necessidades de uma nova mãe deve ser como uma doula, estar ali para apoiar fisicamente e emocionalmente a mulher durante o seu trabalho de parto, que neste caso pode durar meses, até alguns anos. Apoiar sem questionar muito, porque não só corpo e alma, mas também a mente de uma nova mãe encontra-se focada na produção e manutenção do melhor ninho para sua cria. Apoiar respeitando, porque muitas vezes nem ela mesma compreende certas atitudes e emoções que tem nesta fase da vida.

E não são somente as mães solteiras que sentem esta carência de serem cuidadas. Muitas mulheres que têm companheiros dormindo e acordando ao seu lado confessam não serem nutridas neste momento. Sinto que perdemos muito ao nos distanciarmos do modelo de viver em comunidades. Acredito que as mulheres se apóiam profundamente em muitos momentos da vida, e que neste, em especial, devem estar muito próximas da cria e da mãe para que tudo seja leve, tranqüilo, suave, apesar de árduo e forte. Mas, como a realidade é outra, vivemos entre quatro paredes longe dos contínuos círculos das Deusas e seus cuidados, é importante que o Ser sensível dos homens seja despertado neste momento. Porque acredito que todos os seres humanos têm dentro de si o sagrado feminino e o sagrado masculino, como a dualidade dos jardins. E um homem também pode, além de proteger e prover, ter mãos leves que afagam, braços firmes que acolhem, palavras que sustentam, olhares que aprovam, e um coração que seja um rio de carinho e afeto que possa alcançar, afetar e acalmar as profundezas desse vulcão em ebulição. Que linda oportunidade de crescimento tem um jardineiro ao acompanhar tão de pertinho um dos maiores mistérios da Mãe Natureza, o despertar da vida de um ser humano. Ser jardineiro de um jardim que acolhe um ninho é viver a compaixão em plenitude, compaixão por um ser que está dançando intensamente com a solidão, a solidão de ser mãe. E viver esta compaixão, doando-se aos cuidados com esta mulher, infinito mistério da fonte da vida, é também beber da maior fonte de pureza e amor que já conheci, a gratidão de alguém que é acolhido e o sorriso de um bebê recém nascido que sente que seu ninho está recebendo carinho!

Sigamos... que todos os belos jardineiros e jardineiras passeiem pelos nossos jardins! Jaya!

3 comentários:

Morada da Mãe Divina Experiências Orgânicas disse...

QUE PRESENTE!!QUE ALEGRIA!!!GARTIDÃO INFINITA POR TER ENCONTRADO O SEU BLOG,E AQUI SEU CORAÇÃO...GOSTARIA IMENSAMENTE DE COMPARTILHAR ALGUMAS COISAS COM VC,IRMÃ...O UNIVERSO É MESMO PODEROSO!GRATIDÃO.
Nathália Lima Verde.
nathalialimaverde@hotmail.com

Oriana Shakti disse...

Câmi flor divina!
Câmi flor de amor, amora e jabuticaba!
linda de viver!!!
que beleza, que sensibilidade, que inspiração!
esse texto é um norte, uma pérola, um guia!
parabéns por esse canal... e obrigada por nos auxiliar a clarear e a receber esse momento sagrado da maternidade com amor, harmonia, consciência e suavidade.
Vc é uma grande amiga, grande deusa e mulher!
Felicidades sempre!
E que seu jardim siga sempre florido, perfumado, festejado!
Amor, muito amor e gratidão eu sinto!
Jaya!
Ori

Oriana Shakti disse...

http://orianashakti.blogspot.com/2012/01/clareza-forca-amor-e-conexao.html

Aqui vai o link do texto que escrevi hoje (após nossa conversa de ontem) para me ajudar a clarear os pensamentos e suavizar as emoções.

Beijos, flor!
obrigada!!!