domingo, 24 de junho de 2007

Do topo, o paraíso!

Daqui do paraiso onde estou
as folhas caem amarelas anunciando a chegada do outono,
caem com leveza no balanço do vento que passa sem pressa.
Do paraiso onde estou
tem cisneis enooormes nos lagos
e no alto dos alpes os cumes guardam o branco da neve.

Daqui onde estou tem uma gangorra bem na pontinha do alto da montanha,
que é pra gente aprender a voar de verdade, sem medo.
E atras desta brincadeira, tem um pé de maçã lindo,
que é pra gente subir e catar maça no pé e aprender que sonhos se tornam reais.

Daqui a gente ve a vida sorrir.
Tem grama molhada de orvalho pra andar descalço e sentir a terra renovando nossas energias.
Do paraiso me vejo passeando de maos dadas com Manu pelas montanhas que me lembram fazenda de vó Branca, catando flores que brotam das pedras, me sinto um pouco no Brasil, apesar de tao longe...

Aqui tem sol forte no céu, que parece pertinho, e o sol faz a neve refletir como espelho.
Daqui do paraiso onde estou tem ovelhas e vacas pastando com sinos no pescoço, que fazem o tempo cantar sem parar, tocam, tocam.
Daqui o tempo descansa e nos ensina que também precisamos de dias sem "fazer nada", dias para so respirar, sentir e conhecer profundamente o que é a paz.

Do paraiso tenho sempre a lembrança dos meus amores ao meu lado, posso sentir o amor brilhando e abraço todos, sempre !!!
O paraiso desta vez se chama Alpes Suiços!
No susto de estar aqui, conheço a calma!

Out 2006

Efeito borboleta

Tô feito borboleta no vento
pousando quando dá
voando enquanto posso
sendo abraçada pela liberdade do ar
deixando o tempo me levar...

- 2005 -

Dedo de deus

O sol descortina o azul de Ipanema
que recebe plena o espetáculo de um dia cheio de graça.
A voz se enreda em canto à sereia Odoiá!
Louvação às ventarolas que ventam sobre o mar!
Yansã e Yemanjá!

Borboleta amarela passeia sobre o jardim desta flor em mim, trazendo a presença das entidades do lado de cá!
Chama que vem!
Borboleta amarela voa sobre o mar.

Lágrimas brotando da alma que não cabe entre o sim e o não!
Jardim bem cuidado transpira gratidão.
Luz de satisfação interna, terna, que acarinha ao ponto da sensação de que vou explodir!

É sorriso que transforma o rosto, desfaz qualquer tipo de desgosto, desconcerta, desnuda o despreparado, faz sorrir de volta o desarmado.
É imensidão do mar dentro do meu olhar,,,
Um sem fim de paisagens traçadas em pedaços de mim se perdendo em tempo desatinado...

É o tempo perdendo o passo.
O descompasso dos moços jogando bola na areia, equilibrando a atenção entre a fumaça que sai do baseado na mão e os malabares da moça redonda que lhes tira os pés do chão.
Uma bola e a vontade de caminhar pra descobrir, por aí, o que há.

Passeio de apreciar! Eu e Samita, menina que desnuda sensual a mulher que traz em si.
Olhares e sorrisos se abrem brilhantes pelas areias onde passamos.
Não há dúvida de que a beleza da vida em nós não encanta só esta alma que trago livre assim.

É coisa de despertar no outro o desejo de também tocar esta “des”forma de estar.

O calor queima a pele enquanto a água respinga trazendo o frescor do equilíbrio.
Movimento das ondas convidam à aventura de se banhar nesta força.
Exercício de mergulhar em si atravessando cortinas de água.
É fé que vem da raiz de me saber daqui, de pés cravados na leveza que arde em mim.

Massagem de areia nos pés e nas mãos.
A quase plenitude de ser o prazer.
A benção da "dona nêga" que chega vestida em azul e cor de rosa, sorrindo a beleza que vê em nossos corpos largados feito crianças brincantes.
Dedos batidos no chão e a expressão: "fica a vontade, fica a vontade!"
É mais além...
Coisa de me deixar assim...
Me sentindo uma mulher sem fim!

Maio 07

Para viver um grande amor (à distância)

Para viver um grande amor à distância é preciso, antes de mais nada, ter a certeza de um encontro!
Um encontro que não termine nunca e que valha a pena todo o tempo desta pena cruel que é viver de longe um grande amor.
Essa certeza conforta uma dor – que dela falo mais tarde.
É preciso ter confiança, acreditar que a aliança do sentimento de amor faz com que a pessoa amada te sinta sempre presente, mesmo que ausente.
Tem que acreditar no amor que está do outro lado, sem vagar com a mente em devaneios e histórias inventadas por uma imaginação insegura.
É preciso confiar e saber deixar o forte ciúme (coisa de quem não sente os beijos amados e o sopro no ouvido dizendo do amor, para reforçar a segurança) deixar de ser forte, ser na medida certa.
Aquele ciúme que existe em todo ser. Um ciúme pequenino, que vem junto com o querer. Mas sem prender.
Porque se assim não for, quem vive de longe um amor pira, se enlouquece, perde tempo vivendo fantasias e, do real, do verdadeiro amor se esquece, se enclausura na aflição, só vive uma emoção, o desespero.
E isso não é bom para amor não!

Para viver de longe um grande amor é preciso saber conviver com a dor.
Respeitá-la. Saber abraçá-la e fazer dela a companheira doce da saudade.
Sentir a dor como sendo a presença da pessoa amada!
Aí, ao invés de machucar, ela conforta!
Cada lágrima que ela faz cair dos olhos é água para as rosas vermelhas que brotam no jardim do coração de quem ama, toda vez que um pensamento da pessoa amada toma o seu minuto!
E como toma tempo esse pensar que vem de repente, sempre que a gente lembra da pessoa ausente!
Imagina sentir essa dor toda vez que isso acontece?!
Melhor domá-la, como fera que é, e saber seduzi-la, transformando-a em fé!
Quem vive de longe um amor tem que ter fé!
Fé na vida, fé em algo maior que proteja o ser amado que se encontra longe dos braços da sua proteção. Fé que tudo vai dar certo, fé na força desse sentimento louco! Fé que tudo vai dar pé. Fé em Deus, fé nos anjos que levam de longe o sabor dos beijos enviados no escuro da noite, quando o desejo aperta!
Anjos cupidos, que voam atrevidos e levam os desejos para habitarem sonhos noturnos!

Pra viver um grande amor de longe tem que sonhar!!!!!!!!!
Sonhar muito com tudo o que se quer para amar.
Esse sonhar faz manter viva e acesa a chama quente desse sentimento.
Faz o sorriso aparecer no meio da tarde, do nada, palavras bonitas serem escritas, quadros encantados serem pintados e muitos momentos imaginados, cultivados para serem realizados.
O sonho alimenta a alma do amante distante!
Faz brilhar o dia, mesmo quando a distância parece uma nuvem e não deixa a luz entrar!
O sonho faz a gente dançar e cantar! Excita! E movimenta quem ama, para conseguir chegar onde se quer estar!
Ao lado da pessoa amada!

Para viver um grande amor à distância tem que ser persistente.
Não se abater com um desentendimento de quem não está presente.
A ausência faz tantos momentos e palavras se desentenderem... É preciso compreender.
A distância é capaz de mudar o sentido das palavras ditas e das não ditas, dos sorrisos não vistos, e das lágrimas de saudade.
É preciso não deixar se abater com esses momentos que mais parecem redemoinhos de beira de estrada. Aqueles de pouca poeira, que se levantam, rodam, rodam, tiram algumas folhas e flores do lugar, mas logo-logo as deixa cair. Só ofuscam o caminho por alguns segundos e depois o ar fica limpo de novo, deixando a estrada continuar.
Para amar alguém que está longe tem que ter amor verdadeiro.
Aquele que te consome inteiro, fazendo sua vida mudar!
Se for amor fraco, ixi!
Acaba caindo nos buracos que aparecem enquanto se percorre a distância que separa os amantes.
Amor de verdade é aquele que faz querer o tempo todo, sem nenhum outro consolo, o prazer do corpo presente!
Um amor de verdade não mente! Não se contenta com outro amante! Não inventa distração para se divertir.
Quando um amor de verdade se diverte, sempre tem presente a ausência do ser amado, querendo dividir o que sente!

Para viver um grande amor à distância tem que falar! Falar do que sente, falar que ama, falar da saudade, declarar todo dia, se possível, o amor que toma conta de si.
É preciso, pra confortar quem está longe, inventar poesias, escrever travessuras, enviar cartões, cartas, presentes, tudo o que possa abrandar a falta de quem se ama.
É preciso declarar!

- 2004 -

E no Rio de Janeiro

... eu por aqui,
em eternos sarais de meus ais e exclamações
dessas novas cores que me coram a face
a cada passo dançado dessa bossa carioca!

Sopra pelas janelas de mim
o calor dessa menina, mais mulher,
observadora e encantadora dos novos seres
que amadurecem nesta prece de ser inteira, íntegra, trágica e bela!

Nesta intensa atividade
de velar a lua e o sol
para saber acolher o brilho que deles reflete em mim.
E não saber nada...

Deixar me ao léu,
ao azul do céu do arpoardor,
devanear em meus desejos
e observar chegar o amor por este lugar!

O romantismo me seduz,
a poesia de Vinícius me desarma com sua língua ardente,
e o samba de uma tal cuíca que toca no meu terreiro
sabe bem o tom do meu desatino...
Ah Rio! Tu es divino!

Maio 07

T e u S i l ê n c i o

Teu silêncio me cora a alma
Calor que me traça
até o mais fundo querer.
Desejo de rasgar
Essa alma disfarçada
no tom desta voz calada.
Tens medo de se perder?

Teu silencio faz festa
Na sala da minha esfera mais curta e externa
Batuca no meu íntimo vermelho
Faz prosa com meus desejos
Destroça-me em querer
Perder-me em você!
Tens medo de me ter?

Sinto-me, a forma, se desfazer.
Ao escutar o seu calar.
Vejo minha paz voar
Desvanecer em teu olhar.
Tens medo de me querer?

Descarados meus pulsos
Quando sentem seu calar
Não se rendem a medo algum
Mas te convidam pra entrar!
Tens medo de se entregar?

Jun 07

Tratado de se entregar

Quando algo novo se apresenta, antes de "me jogar", passo um rápido olho no meu tratado de se entregar.

Tratado de se entregar

Para entrar em ação é necessário:
- impulsos; algo tem que saltitar dentro do coração.
- cores novas no olhar; desejos de observar mais fundo pra ver onde é que vai dar.
- palpitações no peito; algo de um descompasso que faça querer cuidar com carinho pra ver a calma chegar.
- estranhezas que chegam sem explicar; fazem palavras brotarem como flores no jardim para saudar algo novo querendo entrar.
- borboletas voando no estômago; despertando curiosidades no fundo do âmago.
- e se chega vontade de abraçar, dar as mãos e sair por aí convidando pra bailar, se caminha nas ruas a cantar, se sente o querer de ler poesias ao vento, cheirar por inteiro e se perder no tempo...

Pronto!
Sem exitação, bota o bloco na rua e deixa a vida se encher de expressão!
Se joga, deixa chegar o que for de encantar!
Se dá! Sem medo;
a hora já é de brincar!

Jun 07

Tantas de tantas maneiras

Às vezes me pego num desentendimento com algumas de mim ...
Sou tantas de tantas maneiras que não é tão fácil assim!
E se desentendo com argumento
É porque sento e penso.
(Não sou de pensar andando;Andando sou de cantar.)
Mas se sento e penso
É porque algo me causa tormento.
Não sou de parar movimento
Aqui ou acolá para analisar.
Se há tormento na minha mente
Ou transborda algo que sobra
Ou ressente algo de ausente.
De repente me pego em plena mente.
E como sempre, todas em mim tão plenas,
Me entrego completamente.
Torço pensamentos, viro do avesso.
Rasgo em pedaços, toco fogo,
Contorno alguns traços,
Cavo o que é espesso
Me entorpeço e tropeço nos apreços
E aí... mais uma vez me perco...Diante de mim, eu mesma!
Tantas e de tantas formas
Sem fórmulas
Disformes e plenas de desencontros!
Tão tontos pensamentos...
Entender pra quê?
Desenrolar, desentender?
Talvez pra perceber,
algo que já não queira mais ser...
Talvez...

Jun 07

De pequenices

No tratado das pequenices do meu infinito estava escrito
Quinas são curtas demais pra ir em frente
São pra desviar o rumo
Deixar o passado “ausente”


Jun 07

Quando a noite é possível

Quando a noite é possível
A lua se desfaz branca em véu
Derrama-se em gotas de fel
Desfigura as encostas do céu
Apaga as estrelas
Diz-se indestrutível
A quem tem alma de lama
A quem ama
A quem se lambuza de mel
Ou de letras no papel.

Jun 07

S e m p r e s s ã o

Escrever? Poetar?
Sem pressão!
Que assim de tão cheia de sustos
Perco me sem expressão

Deixa-me livre
À vontade em meus devaneios
Sem freios ou exigências
Me prefiro assim, nas ausências

Que aí sim,
brotam enfim,
As palavras que tanto
Anseia a inspiração em mim!

Jun 07

A v i s o aos d e s a v i s a d o s

O amanhã só vem mesmo pra dizer
Que ainda não chegou!

Jun 07

De assentos e acentos

Quando sento em meus assentos
Dispenso os pensamentos alheios
Desprezo a opinião do pó
Só quero saber de estar só.

Quando sento em meus acentos
Me abandono ao relento
Sinto romper, no peito, o rebento
de um tudo que há muito sedento
se deixa brotar em alento.

Jun 07

C o n v i t e

Perca-se enfim
Abro as portas da solidão em mim
Vem fazer companhia a si mesmo
Encontrar batucadas e Serafim.

Deixe, apaixone-se
Vem transbordar-se em dito e não dito
Lamber cor de alma como pirulito
Distrair-se diante do meu infinito.

Perca-se por onde não tenha fim
Até que se encontre
Sorridente, calmo, distraído
Até que se encontre inteiro,
destemido.

Jun 07

S a u d a d e

Quase me desfaço,
nesse descompasso,
da distância que traça,
o destino em mim!

Quase me perco,
já me desconheço,
sou só chama e desfecho
desta saudade sem fim!

(Pra minha Mari Mól)

jun 07