segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Sou Toda Movimento




Me engatei numa dança com a vida que de tão boa nem penso em parar!
Troco de sandálias, sapatilhas, troco até a sola do pé (se precisar), mas parar...
Se cansar é só voar!
Bom ter asas para aliviar as pernocas, bailar no ar.
E depois voltar pra terra, onde posso sempre pisar!
Coisa boa levantar poeira ao som do meu caminhar!
Passo pra frente, passo pra trás, rodopios e cambalhotas!
Todo movimento é de se deixar levar!
Na dança da vida não tem jeito pra se atrapalhar!
Só se quiser escapar! Melhor nem tentar!
O negócio mesmo é respirar, deixar os ritmos e os sons te tocarem!
Hora ela é calma, dança no movimento de se assentar!
Hora ela te agita tanto que quando vê já mudou de estrada,
já está mais aqui do que acolá!

Ou mais lá do que cá!
Se quiser experimentar...
O segredo é se entregar!


(2005)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

TODOS SOMOS UM!


Todos Somos Um
A força que nos conduz é a mesma que acende o sol
que anima os mares e faz florescer as cerejeiras.
A força que nos move é a mesma que estremece as sementes com sua mensagem imemorial de vida.
A dança gera o destino sob as mesmas leis que vinculam a flor à brisa.
Sob o girassol de harmonia todos somos um.
Rolando Toro Araneda

Lembremo-nos, há curvas na estrada...



Apareceu uma curva no meio da estrada e uma placa que dizia: “não é permitido passar da maneira que desejas!”.
Confesso que parei por um momento na curva, percebi que tinha meu olhar para tão além da estrada a qual percorria que não vi o que estava diante de mim... parei com um choque.
Observei as sensações que a curva despertou em meu peito e fui colocando cada uma delas ao lado uma da outra, fiz delas um murinho na beira da estrada e sentei em cima para orar. As sensações gritaram, relutando para não saírem do meu foco, queriam atenção, (ainda escuto daqui de cima do muro um murmuro delas lá dentro, soprando pensamentos tão medíocres... faz parte, elas fazem parte de mim, talvez sempre farão, porque sou Humana e, pelo menos até o momento, conseguem chamar minha atenção constantemente – o desafio é observar a existência delas e não reagir, assim elas vão se transmutando – lembro do Vipassana, anicca, anicca, anicca!!!).

Orei, as sensações se acalmaram e agora persisto em cima do muro para refletir. Percebo, e me lembro, que os movimentos das curvas são partes do percurso da vida quando se está entregue... e que são bem vindos! "Que seja feita Senhor a Tua vontade e não a minha" é um dos combustíveis que têm me mantido na estrada durante os últimos anos ... eu, que busco dissolver o ego e a personalidade, e que me acostumei a ser tão “dona de mim mesma” e ter tudo o que quero, do jeito que quero, na hora que quero, (doce ilusão de liberdade!), percebo que é necessário perder a vontade própria, que para entregar-se ao infinito dentro de si é preciso ir perdendo-se pela estrada, em curvas, como essa que se apresenta agora... que podemos chamar de provas, se acharem melhor.

Deixar as bagagens materiais, desfazer-se de vínculos como o trabalho, despedir-se de amizades sabendo que o amor mantém a união, tudo isso é fácil demais perto da maior necessidade, que é desapegar-se de si mesmo... dos velhos padrões (mesmo que esses padrões tenham se renovado nos últimos anos), desapegar-se das crenças e seguranças internas, desapegar-se da confiança que tem na personalidade e confiar no universo, enfim... se “ser ou não ser”, é a questão!, creio que no momento o Não Ser é a chave para o desprendimento de tudo! Inclusive a própria crença nesta questão deve ser dissolvida... perceber-se no Nada e observar... parece complicado assim à primeira vista, mas vivendo se aprende. E meditando...

E tem é estrada a ser percorrida... imagino que muitas curvas ainda estão pelo caminho... e como dizia São Francisco de Assis, “obrigado pela oportunidade de praticar a humildade”. Que em cada curva que se apresentar a mim eu possa ter a graça da humildade. Que eu não precise esperar as curvas para praticá-la, na verdade. Aprender a ter paciência, a respeitar o tempo certo das coisas, dos movimentos, aceitar a distância da estrada, as mudanças de direção, e a não ter expectativas, enfim... aprender a não reagir, somente observar, aceitar, agradecer, confiar no primordial e viver plenamente aquilo que se apresentar. Por enquanto, em poucas horas sentada em cima do muro das emoções que a curva me trouxe, estes são os aprendizados que se apresentam, para uma vida toda... e para serem praticados porque, se guardados na mochila, tornam-se cargas pesadas. Gratidão às curvas que me trazem a lembrança de toda esta sabedoria de viver.

É importante ter na mochila de peregrino ampolas de aceitação das limitações humanas e de perdão a si mesmo. São importantes diante das curvas da estrada, são antídotos contra a desistência, combustíveis para a perseverança.

E percebo também que sem o Silêncio a gente fica à mercê da mente, das sensações, das emoções ... é preciso praticar o silêncio interno e externo.

Tiro do bolso um poeminha de Alberto Caeiro que trago sempre em minha mochila de viagem, porque nas estradas sempre aparecem curvas... e é preciso exercitar viver sem se preocupar com elas, sem desejar além delas, para estar inteiro no ponto em que estiver.

“Para Além da Curva da Estrada

Para além da curva da estrada
Talvez haja um poço, e talvez um castelo,
E talvez apenas a continuação da estrada.
Não sei nem pergunto.
Enquanto vou na estrada antes da curva
Só olho para a estrada antes da curva,
Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.
De nada me serviria estar olhando para outro lado
E para aquilo que não vejo.
Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.
Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.
Se há alguém para além da curva da estrada,
Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.
Essa é que é a estrada para eles.
Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.
Por ora só sabemos que lá não estamos.
Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva
Há a estrada sem curva nenhuma.”

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
Heterónimo de Fernando Pessoa


Sigamos, com amor! Em união! Jan 2010

domingo, 31 de janeiro de 2010

Revirando o baú...

encontrei esses retalhos de mim!
Taí...

EU SOU



Eu Sou umA viajantE do universo vivenciando a experiência de SER humana!


Eu SOU a Força Divina em Ação!


Um SEr pleno de luz e de amor divino!


EU SOU um jardim de flores regada de bênçãos vindas de todos os cantos do universo!

AHO!

Das impressões alheias

Faz pouco um moço me disse que sou "feita de éter"! Hoje outro me exclama que "tem dúvidas que eu exista"!!!Meu Deus! Será que vou sumir???

2007

Tem dias que acordo assim...

E salve o encontro da alegria com a batucada!!!!

Salve!

Entorpecida de paixão

Vestida de princesa do vento vejo sorrisos ao meu redor! Vejo abraçar na varanda a rede e o sol! Se encaixarem em harmonia com o vento que balança as cores penduradas no ar. E vejo sorrisos por todo lugar! Libélulas coloridas subindo as escadas, pousando na cozinha. Pincéis em descanso, sujos de cores depois de trabalhar! Vejo um gramado vermelho abraçado com o conforto no canto da sala. Jardins de flores de pano em almofadas querendo se confortar! Muitas palavras espalhadas por toda parte! A arte, a arte! Palavras escondidas, palavras que aguardam para serem ditas, lidas, escutadas, engolidas, digeridas, abstraídas, absorvidas! Palavras vividas!
Vejo o rastro de saudades deixado por quem se despediu hoje pela manhã levando sorrisos para a Bahia. Vejo sua guia esquecida! E me vejo toda vestida de verde! Vejo os meus sorrisos me vendo passar! Vejo orixás a se abraçar! A borboleta mais linda do meu jardim acordando de cara amassada, com a alma meio embrulhada esperando o toque do momento de se entregar! Olhos verdes e meias coloridas sorriem para mim sentados no chão da sala escutando vinil tocar e picando papel de enfeitar.
Escuto o som dos pássaros que cantam para acordar o mundo! E cantam o dia todo! Escuto também a orquestra magistral dos cachorros uivando por suas cadelas, que tomam banho de lua e garoa neste vale de ruelas. Becos, ecos, e a vizinhança, samba, máquina de lavar roupa, brega, Caetano, sertanejo, liquidificador, desafinados empolgados, outros mais chorosos, gritos de exclamações, BÊBÊÊÊÊ, e os mega fones dos caminhões, vendendo frutas, queijo, gás! Me visita o querer de pegar um carro desses e sair pelos becos vendendo sonhos e distribuindo sorrisos. Vejo bonecas de pano dando cambalhotas no quarto. Tentando saltar de um espaço de avisos! Querendo avisar! Escuto a lembrança contar do momento passado, no qual eu vi na colcha amarela da cama uma esperança, que veio visitar este lar e abençoar os seus. Quando chegou pousou na menina Manu, que foi lá na sala nos chamar. Lembro do olhar brilhante, de dois seres amantes, vendo o movimento do Louva-deus bailar. Vejo a leveza sorrir, seus olhos brilhando a nos observar!
As folhas vermelhas da planta na varanda sentindo o frio chegar, anunciando o outono, chamando o inverno.
Me vejo dançando na sala e cantando pros meus Orixás! Dando de beber e fumar aos Exus, agradecendo a Oxalá, saudando Yemanjá, sorrindo sapeca para os Ibejes, cruzando as espadas com São Jorge e Ogun, invocando Iansã e vendo Xangô me espiar! Saravá!
Vejo sorrisos olhando para mim! A calma querendo sentar!
Pensamentos vem me contar para "acordar que a estrada está a passar"! Vejo o Rio de Janeiro! Já passou março, há muito fevereiro, e o abril já vai acabar! Será o maio perto do mar? Lembro que tenho que deixar o flow me levar e que estou aqui! Fumo e deixo ficar. Vejo a satisfação olhando pra mim com cara de admiração! Chega a vontade de ligar pra pessoas queridas! Ligo, falo sorrindo! Vejo sorrisos sorrindo para mim. E danço. Danço na sala que me abraça. Olho para fora, penduro mais cores no ar! Presas em palitos feitos para rodar quando o vento passar! Vejo, escuto e sinto o vento passar! E vejo as cores rodando, rodando, rodando! E Vinícius cantando, gritando como um bêbado abraçado em seu cão companheiro, na tonga da mironga! Me sinto em meu terreiro! Por isso, peço licença às palavras e me levanto destes escritos. Vou me deitar na rede! ... Sorrio e vejo sorrisos olhando para mim! NA TONGA DA MIRONGA DO CABURETÊ! Um preto veio gritando!
Na vitrola Maria Bethânia afirma: "foi o que tinha de ser".

Das In-certezas



Dos caminhos por onde andei, das esquinas que dobrei, quinas onde parei para observar o outro lado, de todos os tempos que esperei ou deixei acontecer sem me perguntar como e nem porquê, ou até mesmo de todos os minutos que dediquei a tentar formular respostas, a única prova que tive, sempre, é de que tudo é incerto neste mundo, tudo é incerto nesta vida. Inconstante.
A vida é das in-certezas... e quem não estiver "certo" disso que me diga o que prova o contrário. Rs.
Até mesmo nossas vontades, nossos pensamentos, nossos atos, os caminhos que tomamos, os rumos onde nossos passos vão chegar, quais as portas a vida colocará em nossa frente para escolhermos e até onde vamos querer trilhar a escolha feita... que frutos essas escolhas podem dar... se amanhã faz sol ou não... se vai explodir bomba em NY ou no se vai chover no sertão... incertezas. ... incertezas sobre nós mesmos, sobre o outro, sobre o trabalho, sobre a sociedade...
E que bom que elas existem... imagina se tudo já fosse certo!
Se já soubessemos o que cada pessoa que cruza nosso caminho tem para nos "ofertar", pra compartilhar, como vamos reagir a cada impulso que a vida nos dá, ou o resultado de nossas escolhas...
ai, seria tão out.

Da saudade



O que é que a gente faz quando o mundo da gente parece que tá fora do nosso corpo? Uma saudade enooooorme dos "nossos" abre a porta do vazio dentro da alma e grita por atenção! E começa a chover... escorrer amor dos olhos! Dói... e faz sorrir! Dá desespero e consola! Faz as asas se agitarem com vontade de voar e as raízes se fincarem no chão para beber das águas do mesmo solo que nutre todos ao mesmo tempo! Tudo tão efêmero... tão encantador... tão assustador... tão leve e ao mesmo tão denso! Tudo tão dentro da gente que até parece que está fora...

Dona Têmpera




Ontem conheci uma senhora forte e sábia que me foi apresentada por uma amiga. Chamou-me a atenção sua estrutura exuberante e acolhedora, ela pareceu-me grávida. Toquei-a com delicadeza e perguntei seu nome. De imediato respondeu, “Têmpera”, e já me convidou para um abraço. Abracei-a e nos unimos de forma tão intensa que tudo ao nosso redor desapareceu. Um calor vindo do centro de nosso peito subiu tomando conta de minha respiração e assustei. Hesitei-me por um segundo, mas estava segura em querer este encontro e encostei minha testa em seu corpo. Senti dificuldade de respirar neste momento, o calor se dissolveu e respiramos juntas, profundamente. Senti sua respiração um pouco mais ofegante que a minha, mais pesada... Perguntei sua idade e ela disse que havia muito tempo que estava ali ... Que já viu muitas flores desabrocharem e pássaros cantarem ao seu redor, já passou frio e também muito calor. Convidou-me a sentar em seu colo ainda abraçada, encostei meu ouvido em seu peito e ela contou-me que já acolheu muitas pessoas do frio, da fome e do sofrimento e apresentou-me sensações vividas por algumas destas pessoas. Disse que foi muito pouco acolhida em seu vida... que normalmente as pessoas não vem conversar com ela, abraça-la, mas que está tudo bem e que é feliz, apesar de todas as suas dificuldades em sobreviver. Neste momento eu senti a pulsação do seu coração embalar meu corpo, de uma maneira muito profunda, física. Minha amiga tocou meus ombros avisando da necessidade de irmos caminhando... Despedi-me de Têmpera agradecendo aquele encontro, elogiando sua beleza e exuberância e levantei-me de suas grossas raízes, onde estava sentada. Um passo para trás, olhei para cima e observei sua altura, a luz que entrava através de seus galhos, a falta de folhas em sua copa, a formosura de seu caule imenso e redondo. Esqueci de perguntar se estava realmente grávida, como me pareceu. Mas a impressão que tenho é de que esta Senhora, enraizada em uma praça em meio ao caótico universo cinza e barulhento de São Paulo, traz em seu ventre a força da vida, da natureza que equilibra e sustenta a saúde daquele lugar.


* Relato de um exercício da Vivência com a Natureza, facilitada por José Maria Reis, dos Argonautas Ambientalistas da Amazônia, realizada no bairro Consolação, em São Paulo.

De ser humano



São mistérios compartilhados por quase todos. Mistérios os mesmos! Sentimentos próximos, inteiros, que passeiam por cada ser como se brincassem com as várias faces que possuem.
Subjetividade! Ainda bem que cada um tem um olhar, cada um sofre de um jeito, sorri com sua forma particular de expressão, fala com sua própria voz, é feliz com um brilho só seu e tem suas próprias opniões.
Já os sentimentos... eles são únicos! Amor é amor, dor é dor, alegria é alegria, saudade é saudade, vontade é vontade e por aí vai! Felizes destes sentimentos que encontram nos seres humanos palcos diversos para brincar de ser diferentes!
Mas tem gente que se parece em certas coisas! Como tem outras que são totalmente diferentes umas das outras, muuuito distantes de se entreolharem um dia.
E sendo assim, às vezes me espanto com reações de seres humanos diante de certos sentimentos. De tão adversas das minhas.
Outras vezes me encontro traduzida por sentimentos vividos por seres alheios, até mesmo desconhecidos!
E me encanto!
Salve os mistérios! Salve os seres humanos! Salve os sentimentos! Salve a diversidade! E salve a unidade!

"do acorde sufocante das palavras não-ditas" - palavras alheias, que traduzem alguns dos meus últimos dias!

De ser ou não ser



Tem horas que penso que não sou!
Não sou eu quem penso isso tudo!
Não são minhas estas vontades,
estes desejos,
estes despejos de idéias que vem e que vão com tanta facilidade; que não são!
Não são minhas, não sou eu!
Tudo o que sinto agora, há pouco já se escondeu!
Outros sentimentos chegam tentando lembrar do que aconteceu.
Aí vem idéias e idéias, vem, vão, voltam, desaparecem, chegam,
tomam conta, criam estradas, acendem luzes, apagam outras tantas idéias,
São diversas as horas do meu ser.
São diversos todo esse querer.
São dispersos por não saber de onde vem e nem para onde vão.
Não sabem nem por quê são
Mas são!
E não são meus, não são minhas!
Ou serão?
Vêm como turbilhão.
Transbordam as presenças em mim
E por transbordarem-se perdem-se além, sem fim.
Trazem ausências, abrem espaços.
Quase nunca se completam.
Para onde vão?
Não sei! Não sei nem se são!
Ou se são para serem completas.
Todas intensas, às vezes em vão,
Outras não.
Inquietas.
Todas paixões.
Intensas.
Ás vezes pálidas,
às vezes escuras,
mas sempre propensas
a ceder seu espaço ao que vier.
Todas sedentas
por ir, vir, voltar, não ficar, não calar.
Pra onde será que vão?
Ás vezes penso que não sou!
Por que passeiam por aqui,
Por mim?
Sou para ser incompleta!
Sou portas abertas!
Portas que deixam entrar,
deixam sair,
que não sabem a hora de se trancar,
ou de deixar morar.
Portas que se assustam,
que batem com o vento,
fazem barulho,
calam o tormento que está por dentro.
Portas que escondem,
que mostram transparências,
portas de vivências,
de muitas influências.
Sou portas abertas ao mundo,
ao que vier me visitar.
Só que tem hora,
que quero calar.
Parar.
Quietar.
Deixar ficar.
Fechar.
Trancar.
Plantar.
Permanecer.
Fazer crescer.
Colher.

... Cansei.

PARA ALMAS "PERDIDAS"



Quando você não sabe o que quer fazer da vida é porque você nasceu para deixar a vida viver em você! E para libertar-se deste "peso" é melhor deixar a vida acontecer.

É melhor ENCONTRAR. Encontrar o que te apraz, o que te distrai, o que te seduz, te preenche, te satisfaz! Não sair correndo de, mas ir ao encontro! Buscar, correr atrás, caminhar, crescer, viver! Não necessariamente buscar algo que tenha um nome, um tempo, um caminho traçado ou uma forma concreta! Mas ir ao encontro de si mesmo. Do que é quando encontra o inesperado, o inusitado, o desconhecido. Permita-se querer os sorrisos das curvas na estrada, o coração batendo forte diante das novas descobertas, a insegurança da liberdade, o prazer de ser em movimento, de andar, de caminhar, de sentir o vento bater no rosto, falar com pessoas novas, escutar, falar novas línguas, observar, fotografar, aprender a ser.
Por que não? Porque ter passos traçados? Alvos medidos, planejados? Porque construir com regras, informações de apostilas ou cursos determinados?
Construa algo com as "informações" que vem de dentro si diante da necessidade que sente agora. E se agora não quer ter planos, só asas, permita-se ter asas!
Asas para voar... sem peso nas costas por não saber pra onde ir. Não saber para onde ir não é estar perdido! O que é preciso é reconhecer isto. É permitir-se ser livre para descobrir seus caminhos caminhando! Deixando-se levar. É jogar-se no vento e deixar-se levar pelo tempo, pelos momentos, pela experiência de ser livre, de parar quando quiser, de caminhar até onde puder, até quando o caminho da vida deixar, até cansar!
É poder se cansar e mudar de lugar! É mudar sem perceber! Se assustar até com o seu estado de ser! Se observar. É ter coragem! Coragem de viver fora dos caminhos "ideais".
Coragem é acreditar que tem tempo... que ainda é tempo, e que há muito tempo ainda pela frente!
Ser sábio, saber que cada coisa tem seu momento! E que o seu tempo é hoje!

"De tanto ser só tenho alma! E quem tem alma não tem calma!" (Fernanda Pessoa)

Diante de mim, eu mesma!



Sou asas e raízes!
Calma e tormento!
Vento e fogo!
Teimosia e paixão!
Impulso e movimento!
Crítica e sonho!
Pedra e água!
Coragem e manha!
Liberdade e aconchego!
Amor e descontrole!
Sou som e cores!
AXÉ!

De um impulso

Sabe aquele sentimento
Que sorri lá dentro
Que pula, canta, dança
E nunca se cansa?

Então,
É o amor
A alegria
Sem nem um pouco
De harmonia

Porque passa por cima
Atropela
Borra a tela
E rabisca a poesia

Ê vida bela!
Que sem ela
Nada seria.
Nada seria
Sem os sentimentos
Sem o tempo
Sem o vento
Sem o brilho nos olhos
Sem os olhos
Sem o toque

Quero abraçar
Apertar
Deixar escorrer pelos dedos
E depois tudo juntar
Passos novos trilhar

Ê vida louca!
Que não usa touca
Molha os cabelos
Não olha no espelho
É bela sem saber
Por quê
Sem ter
Sem possuir

E os caminhos
Tantos
E tão longos
Às vezes curtos
Mas eu
Sempre curto
Me divirto
Me atrevo
Sem medo

Meu coração
Sem rumo
Sem luvas
Quer tocar
Cantar
Mesmo em desafino
Porque para essa vida
Eu não afino

Quero mesmo
É ser
Até mesmo
Sem poder
Aprender
Descobrir
Crescer

E assim
O impulso da vida
Vai por essa estrada
Sem eira nem beira
Carregando sua peneira
E guardando na sacola
Tudo o que rola

Leva como companheira
A fé
Segue de carona
Ou a pé
Mas vai
E nunca pára

Se olha para trás
Sente saudades
Sorri
Às vezes chora
Mas dispara
Porque é
Para a frente
Que está a tara
Que existe
Dentro da gente

2002

Da razão

Que confusão essa tal de razão faz com a emoção!
A gente podia ser só coração!

A dança da vida

Me engatei numa dança com a vida que de tão boa nem penso em parar!
Troco de sandálias, sapatilhas, troco até a sola do pé (se precisar), mas parar...
Se cansar é só voar!
Bom ter asas para aliviar as pernocas, bailar no ar.
E depois voltar pra terra, onde posso sempre pisar!
Coisa boa levantar poeira ao som do meu caminhar!
Passo pra frente, passo pra trás, rodopios e cambalhotas!
Todo movimento é de se deixar levar!
Na dança da vida não tem jeito pra se atrapalhar!
Só se quiser escapar! Melhor nem tentar!
O negócio mesmo é respirar, deixar os ritmos e os sons te tocarem!
Hora ela é calma, dança no movimento de se assentar!
Hora ela te agita tanto que quando vê já mudou de estrada,
já está mais aqui do que acolá! Ou mais lá do que cá!
Se quiser experimentar...
É só se entregar!

Dos gostos

Gosto de bonecas de pano.
E de trombar com anjos também...

Devaneios de amantes que não vivem o amor ...

O que são os momentos que não nos encontramos? Os momentos em que recusamos deixar nossos caminhos se cruzarem e tornarem-se um e milhões de possibilidades, descobertas, sustos, sorrisos, lágrimas, aprendizados, desejos, toques, sons, cores, sentidos, temores, dúvidas, erros, perdões, amores, prazeres, palavras, curiosidades, esperanças? O que serão os presentes que deixamos de presentear um ao outro? Quantos serão os sorrisos que deixamos de sorrir um ao outro todos os dias em que não nos vemos? E os abraços? Como será o calor e qual a intensidade do toque das nossas mãos se encontrando durante a noite? Nossas pernas se entrelaçando? Qual será o prazer que isso dá? O que serão nossas discórdias? Nossos erros e nossas desculpas? Como lidamos com nossos problemas do dia-a-dia? Aqueles que surgem quando se acorda junto todas as manhãs? Como serão todas as manhãs acordando juntos? Como entender um bom dia não dito, naqueles dias em que acordamos de mal humor? O que fazer com as roupas espalhadas no chão do banheiro deixadas pela pessoa a quem se ama? Qual será o seu sabor de pasta de dente preferido? Qual será o meu lado preferido do colchão? A que horas a luz do abajur se apaga? Quais serão os filmes que mais gostamos de ver juntos? Qual será a comida que você odeia e que eu morro de prazer ao comer? Qual a peça de roupa sua me deixa louca? Qual é aquela cara minha que te faz sorrir? Do que estamos deixando de desviar no meio da rua por não andar-mos mais de mãos dadas?Como será correr na areia, olhando para o infinito, ao seu lado? Como serão os nossos planos para o infinito juntos? Como serão as noites que um cuida do outro com dor de garganta, febre, ou uma gripezinha qualquer? Quantos são os telefonemas que daríamos um para o outro em um dia de chuva? Quantas vezes abriríamos a porta de casa de surpresa, com aquela cara feliz, esperando um sorriso de volta? Quantas e quais as flores estaríamos dando um ao outro? Quantos baldes de tinta já teríamos gastado em nossas paredes? De que cores seriam essas paredes? Quantas paredes existiriam em nossa casa? Quantos cachorros? Quantos pássaros? Quais os lugares estamos deixando de conhecer com um ar de aventura e segurança, por termos um ao outro de companhia? Quais os lugares desejaríamos conhecer juntos? Quantas gargalhadas deixamos de dar juntos por dia? Quantas palavras mal ditas não dissemos? Quantos desentendimentos não foram entendidos? Qual será a música que eu colocaria ao chegar em casa? Qual seria o prato do jantar de hoje? Quantas velas poderiam estar iluminando esses jantares? Como seria tomar banho juntos todas as noites? Combinar de encontrar na hora do almoço para matar a saudade da noite anterior? Como seria você neste momento? Como seria eu? O que seria nós dois se nos permitíssemos ser juntos? Quanto tempo estamos perdendo? Quanta distância estamos criando entre nós? Quantas diferenças temos? Quantas coisas parecidas podemos encontrar um no outro? Quais serão os momentos em que morro de ciúmes ao teu lado? Qual o lado da rua você nunca passa? Qual o som que fazemos juntos dormindo? Será que já teríamos gravado isso? Qual filme faríamos se tivéssemos um roteiro nosso? Qual a minha bala preferida? Ou o meu sanduíche? Quais as drogas já usamos e como teria sido se estivéssemos juntos? Teríamos usado todas as drogas que usamos? Como veríamos o pôr-do-sol se estivéssemos um ao lado do outro? Quantas vezes brigaríamos por mês? Quanto tempo suportaríamos ficar longe um do outro se nos víssemos todos os dias, durante 1.000 dias? Como seria a sua reação se eu chegasse em casa chorando, dizendo já estar cheia dessa vida, desse trabalho, desse lugar? Que lugar estaríamos se tivéssemos o nosso lugar? O que mais gosta em mim? O que mais me irrita em você? Quantas fotos nossas teríamos espalhadas pelas paredes? Será que ainda acamparíamos na chuva? Qual seria minha banda preferida? Como estaria minha alma se tivesse a sua ajudando-a a crescer? Quem seriam nossos amigos em comum? Quantas garrafas de vinho deixamos de tomar juntos por não estarmos juntos?
Como saber???

AMO

Amo! Amo de perto, amo de longe, amo só de sorrir, amo mesmo chorando, amo quando é chato, amo e brigo, amo quando brilha, quando tá escuro, amo e esqueço, amo e dou a mão, amo e puxo orelha, amo e abraço, amo e quero perto, amo e deixo ir, amo e dou, amo e jogo fora, amo e fico para mim, amo e faço crescer, amo e consumo, amo e enlouqueço, amo e choro, amo e quero o bem, amo e nunca mais vejo, amo e canto, amo e dou presente, amo e faço dançar, amo e quero que todo mundo ame também!!!! Que é para o mundo ser cheio de jardins e que todas as borboletas venham passear por eles, espalhando cores pelo ar!
Amor para você e para mim!
Quero, de tanto amar, todo o mundo cheio de amor pra dar!

Experiência de vida

Se não sei o que fazer da vida...
que pelo menos ela saiba o que fazer de mim!
Com toda a sua experiência vivida,
acho mais indicado assim!

Dos desejos

Não sei se levo, se atropelo,
se quebro o elo, se deixo o desejo levar...
Desejo é coisa difícil de se controlar.
Ele surge para acontecer!
E ser...

Ausência

De repente
Você se fez ausente
Me falta inspiração
Sofro de recordação
Tento encontrar esperança
Aspiro uma grande mudança
No sentido da rotação
Do meu louco e frágil coração!

Mira

Tenho na mira
um ponto de lira
E nos olhos
sete graus de miopia.

Encrenca de poeta

Tudo branco,
quase um nada
Palavras perdidas
Mente calada

Se tenta mentir
Se vê encrencada
Nem mentira encontra
nesta mente tão vaga!