sábado, 23 de abril de 2011

Estradas de uma guerreira caminhante...

Sou uma guerreira caminhante! Caminho por muitas estradas, aquelas que me são chamadas a desvendar, a rastrear. E a mais desafiadora de todas passa por dentro de mim mesma. Venho morrendo e renascendo desde que minha mãe me trouxe a este mundo. Não posso dizer que minha mãe me pariu, já que cheguei através de uma cesárea, mas venho sendo parida pela vida. E assim tem sido conscientemente nos últimos anos. Viver em vida-morte-vida com consciência é um presente. Processos constantes de despertar daquela que Eu Sou, da força ancestral que habita em mim, das Deusas que dançam através dos meus movimentos, da cura que sopra os ventos de minhas mãos, da criatividade que é gerada em meu ventre, da luz que revela minhas próprias sombras me proporcionando crescer, iluminando meus sorrisos e meu olhar. E a cada dia é uma nova descoberta! Sou castelo de portas e janelas abertas! Tenho dentro de mim muitos quartos disponíveis, alguns ocupados, estantes com livros em branco, outros tantos plenos de histórias já vividas esperando para servirem de inspiração ao serem lidas. Tenho redes confortáveis balançando em meus cabelos, dançando a leveza de ir e vir, e esteiras de palha estendidas sob meus ossos, para deitar-me na solidez de certas experiências. Locais onde posso aquietar-me, descansar e refletir, sentir, incorporar e aprender. Também sou labirinto, e muitas vezes me pego tendo que re-viver para reconhecer que “ainda não...” e humildemente ter que re-começar para alcançar o verdadeiro despertar. Sou fogo estalando na lareira de um coração inquieto, sala principal do meu Ser; fogo que acalenta quando bem acolhido, e queima muito bem quando convém. Pelas estradas de mim correm rios transparentes e outros turvos, águas que se movimentam hora calmas, hora turbulentas. E me atrevo a mergulhar por todas elas, já que nada tenho a perder nestas estradas, aprendo a nada possuir. Ventos entram e saem pelas janelas e portas em mim, arejando, refrescando, levantando poeira, balançando meus galhos, levando folhagens que não me servem mais. Ventos que levantam tapetes onde escondo emoções e hábitos desconfortáveis, e que precisam ser reconhecidos para serem libertados, dissolvidos e curados. Tenho jardins em meus caminhos, floridos de almas coloridas e iluminadas que brotam de encontros inusitados, surpresas agradáveis das curvas da estrada. Desabrocham, me enchem de perfumes e cores, algumas se enraízam, criando vínculos eternos, outras me fazem sorrir momentâneo, e seguem pra florir outros cantos. Há muitos sons dentro de mim, pouco silêncio, por enquanto... apesar de ser um tanto o que busco incorporar, uma hora ele há de se instalar, tenho quartos reservados a este nobre hospede, pra quando ele resolver ficar. E sons que me encantam, acolhem, acalmam, outros irritam, agitam, espantam.

São tantas curvas nas estradas dentro de mim que vivo um sem fim de inusitados, de surpresas, voltas e reviravoltas, recomeços e fins. E sou alma vicejante a céu aberto, a quem quiser viajar por mim. Caminhe por estas estradas, diante de mim, eu mesma e um pouco de tudo o que me mira, porque em minhas paredes tem trepadeiras selvagens e muitos espelhos também.

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